quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A CAPOEIRA NA GUERRA DO PARAGUAI

:: A Capoeira na Guerra do Paraguai

Por Priscila Paiva

A capoeira é uma arte rica não apenas em movimentos, mas em elementos culturais e históricos. Durante muito tempo não foi valorizada, e por isso, muitos dados históricos foram apagados; outros persistiram, sem termos, no entanto, a exatidão de informações e acontecimentos. O que não se tem dúvidas, é que a capoeira possui uma história de luta e resistência. A capoeira teve participação em importantes momentos históricos do Brasil, entretanto, os livros oficiais de história não abordam essa participação.

Um desses importantes momentos foi a Guerra do Paraguai (1864-1870), considerada o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. Essa guerra foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. Um dos motivos da guerra foi o interesse do Presidente do Paraguai, Solano López, em expandir seus territórios na região da Bacia do Prata, que abrangia possessões territoriais do Brasil, Uruguai e Argentina. O objetivo do Paraguai era obter uma saída comercial para o Oceano Atlântico e o conflito iniciou-se com a invasão da província brasileira de Mato Grosso, pelo exército do Paraguai.

O Brasil enviou em torno de 150 mil homens à guerra e cerca de 50 mil não voltaram. Muitos desses homens eram negros - escravos e libertos - e capoeiras. A guerra significou para os negros escravos a oportunidade da liberdade; para os negros libertos, a chance de ascensão e reconhecimento social. Entretanto, os capoeiras nem sempre iam como voluntários, muitos eram “recrutados nas prisões; outros foram agarrados à força nas ruas do Rio e das outras províncias...” (Nestor Capoeira). De acordo com o Dicionário de Capoeira, essa guerra foi um marco histórico na vida dos capoeiras, pois lutaram com “toda sua bravura, audácia e sangue-frio. Tendo-se em conta que as condições de guerra, de então, exigiam muitos combates corpo a corpo, estes tornaram-se o grande destaque frente a esta sangrenta batalha”.

Dessa forma, se em um primeiro momento a Guerra do Paraguai serviu para “limpar” as cidades dos capoeiras, quando o conflito acabou, os sobreviventes retornaram como gloriosos defensores da pátria. Posteriormente, muitos deles entraram para a força policial e, no Rio de Janeiro, muitos se juntaram às maltas.

Referências:

- CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: O pequeno manual do jogador. Rio de Janeiro, Record, 1999.

- LIMA, Manu. Dicionário de capoeira. Brasília, Conhecimento Editora, 2007.

- REIS, Letícia Vidor de Souza. O Mundo de pernas pro ar - A capoeira no Brasil. São Paulo, Publisher Brasil, 1997.

Boletim Eletrônico CPPA
Associação Cultural Companhia Pernas Pro Ar
Ano II, 28º Edição — Novembro 2011

3 comentários:

  1. realmente interessante pena que poucas pessoas que se consideram inteligentes não conseguem reconhecer o nosso valor na sociedade Brasileira.

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